02 ago Racismo e capacitismo! | Opinião | Luciana Viegas
Eu passei mais de três semanas debruçada sobre essa interseccionalidade entre as duas opressões (AMÉM HIPERFOCO!) e, quanto mais eu estudo sobre isso, mais faltam palavras para descrever o quanto eu fui atravessada por elas ainda sem saber que era autista.
Nunca ninguém poderia dizer para ele que ele não era menos que lindo, e se alguém dissesse, ele não acreditaria. Quando o diagnóstico do Luiz chegou, a minha cabeça virou e eu passei a ter medo.
Aqui eu me distancio das mães brancas atípicas nesse país e digo: Meu desespero e medo não era não ter um filho “aceito na sociedade”, uma vez que somos pretos e periféricos e a sociedade já não nos aceita! Meu medo era a agressão policial à qual constantemente somos expostos, sendo o Luiz um menino preto e autista não verbal. Será que iriam ouvi-lo? Será que daria tempo de ele sinalizar que não falava?
Eu e quantas mais mães pretas atípicas estamos nesse desespero, nessa urgência de expor para o mundo que nossos filhos são pretos e diversos?
Antes de ser autista, meu filho e eu somos pretos, e somos atravessados pelo racismo e pelo capacitismo. Mas o racismo é bem mais objetivo e destruidor em nossas vidas, ele não nós da o direito de fala nem de argumentação, e estamos sempre vivendo sobre o medo de ser o alvo da bala perdida.
Dar voz as pessoas pretas neurodiversas é mais que necessário! É urgente!!!
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