Manifesto da Neurodiversidade Interseccional Brasileira em Linguagem Simplificada

Manifesto da Neurodiversidade Interseccional Brasileira em Linguagem Simplificada

Texto original

Pelo reconhecimento e respeito à Neurodiversidade Interseccional

Autistas são humanos como todo mundo.

A neurodiversidade é saber que todo mundo tem diferentes cérebros. Com ou sem deficiência.

A interseccionalidade é saber que há outras diferenças além do autismo. Autistas não são só autistas. 

Autistas também são trabalhadores. Autistas são pais e mães de família. Autistas têm uma raça. Autistas têm um gênero. Autistas têm religiões diferentes. Autistas são pobres ou são ricos. Autistas são de vários locais. Autistas moram na cidade. Autistas moram no interior. Dentre outros. 

Nenhum autista pode ser julgado por ser diferente! 

É errado discriminar alguém por ser de uma raça, de um gênero ou por ser de uma classe social. Nós LUTAMOS contra isso. 

Defendemos a neurodiversidade! Defendemos a interseccionalidade. Queremos que respeitem nossas diferenças! 

O certo é chamar “pessoa autista”. Queremos ser chamados de “autista”. Não queremos ser chamados de “Síndrome de Asperger”. Não queremos ser chamados de “autistas graves”. Isso é discriminação!

Tem mulheres autistas, autistas pretas da “perifa”. Tem autista lésbica, bi, gay, trans. Tem autista indígena, refugiado, cigano. E principalmente, que fique claro, tem autista pobre!

Muitos autistas não têm condições financeiras. Muitos autistas têm baixa qualidade de vida. Muitos autistas  não conseguem acessar políticas públicas. Isso tem que mudar!

Nem todos os autistas conseguem emprego. Os empregos para autistas nem sempre valorizam as habilidades. Isso é preconceito! Isso é capacitismo!

Tem pessoa autista que precisa de cuidadores. Mesmo com apoio de cuidadores, o autista tem direito de expressar seus sentimentos, suas vontades. 

Na lei, autista é pessoa com deficiência. Os autistas têm todos os direitos que as pessoas com deficiência têm. 

Ter uma deficiência não deveria ser algo ruim. Se alguém precisa de apoios, o Estado precisa dar esses apoios. Isso não deve nos envergonhar. 

Tem também outros movimentos que são contra a discriminação. A luta antimanicomial diz que ninguém deve perder sua liberdade por ser diferente. A luta antirracista diz que ninguém pode ser discriminado por ser negro. Nós, autistas, também somos contra a discriminação!

Temos muitas reivindicações. Essa campanha é para que todos os autistas possam ter o direito a serem diferentes. Educação, saúde, proteção social. Nós defendemos que tudo isso tem que ser assegurado aos autistas. 

Nada sobre nós sem nós! Todos nós!

Autistar é resistir!