24 set MANIFESTO: MACHISMO CONTRA MULHERES AUTISTAS
A Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça) tem cumprido, ao longo dos anos, o papel de difundir informações e lutar por direitos das pessoas autistas e suas famílias, buscando estimular o debate e conscientização por uma sociedade igualitária e livre de discriminação.
Considerando a recente repercussão da agressão verbal de um comediante contra uma mulher autista, vimos aqui reafirmar a urgente necessidade de engajamento de todos no combate às estruturas que dão origem às opressões sociais e à discriminação. Tais estruturas são muito danosas e impactam a vida das pessoas com deficiência de forma profunda, em todas as áreas da vida.
O autismo não pode ser considerado um tema tabu. É importante que estejamos abertos a falar do tema com leveza e, inclusive, com bom humor. No entanto, é preciso evitar a disseminação de preconceitos e estereótipos, que reforçam a exclusão e atacam a dignidade humana.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), em seu Artigo 5, que trata de Igualdade e não discriminação, garante proteção contra todas as formas de discriminação, não apenas puramente em razão de deficiência. Portanto, a referida agressão verbal fere o que preconiza a CDPD.
Mulheres autistas são vítimas de preconceitos estruturais. Além do capacitismo, estão sujeitas a discriminação múltipla: combinando a discriminação por motivo de deficiência com o machismo, racismo, LBGTfobia e outras formas de discriminação.
No caso em questão, a forma como o humorista se referiu à mulher autista conjuga as múltiplas formas de opressão que fazem parte do dia a dia das mulheres com deficiência, o que merece nosso repúdio e o de toda a sociedade. A inclusão das pessoas com deficiência passa necessariamente pelo rechaço a toda e qualquer forma de discriminação, no sentido de construirmos uma sociedade inclusiva de fato.
Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça)